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sexta-feira, 19 de março de 2010

Cristalizando o amor


Stendhal*, um escritor francês, dizia que não há paixão sem idealização.
Em 1822, publicou "Sobre Amor" que é um livro baseado nas suas experiencias onde ele elabora a teoria da cristalização onde o individuo, tentando trazer a fantasia para a realidade, cobre de perfeições o objeto do desejo.
Vejamos:
Na Austria, lá pelos 1800 ao fazer um passeio em uma mina de sal, descobriu uma tecnica em que os mineiros guardavam galhos secos e sem folhas em locais de trabalho abandonados e depois de muito tempo, esse galhos, entrando em contato com as aguas saturadas de sal, iam se cobrindo de cristais salinos provocando uma aparência tão bela que de tão recobertos de sal, se assemelhavam a diamantes. Quase não se percebia que na realidade, eram galhos.
Com essa analogia, Stendhal comparou esse processo ao do amor-romantico, quando ao amarmos alguém, não enxergamos o que ela é, mas como nos agrada ve-la. Assim a percepção real é contaminada por idealizações onde consequentemente exageramos os pontos qualitativos da nossa paixão e subestimamos suas falhas.
Esse exagero vai se diluindo conforme o conhecemos melhor e exatamente por essa blindagem ideológica que criamos quando descobrimos - o real - nos decepcionamos. Caracteristicamente o amor é o campo da vida onde a idealização se faz mais presente e onde ela é mais profunda, justamente esse sentimento - o amor - é o mais triste quando se desfaz porque é tido como "perfeito demais" para se desmanchar. Mas quem não tem uma história de amor? Uma história de amor que já acabou?
A visão positiva se dá quando, superado esse processo da "cristalização", a satisfação romântica matura para uma união profunda.
Esse processo só pode ser concluído quando se gosta dos "galhos" por serem galhos, independentemente se recobertos ou não. Sucedido pela honestidade com o outro, as coisas podem finalmente andar, pondo-se as cartas na mesa deixando-se claro o que se espera e até onde pode ir para isso. Assim, com expectativas realistas sem "advinhar" o que o outro pensa ou desejar o inverso.

*Henri-Marie Beyle (1783 - 1842)

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