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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cristalizando o Amor

Stendhal*, um escritor francês, dizia que não há paixão sem idealização.
Em 1822, publicou "Sobre Amor" que é um livro baseado nas suas experiencias onde ele elabora a teoria da cristalização onde o individuo, tentando trazer a fantasia para a realidade, cobre de perfeições o objeto do desejo.
Vejamos:
Na Austria, lá pelos 1800 ao fazer um passeio em uma mina de sal, descobriu uma tecnica em que os mineiros guardavam galhos secos e sem folhas em locais de trabalho abandonados e depois de muito tempo, esse galhos, entrando em contato com as aguas saturadas de sal, iam se cobrindo de cristais salinos provocando uma aparência tão bela que de tão recobertos de sal, se assemelhavam a diamantes. Quase não se percebia que na realidade, eram galhos.
Com essa analogia, Stendhal comparou esse processo ao do amor-romantico, quando ao amarmos alguém, não enxergamos o que ela é, mas como nos agrada ve-la. Assim a percepção real é contaminada por idealizações onde consequentemente exageramos os pontos qualitativos da nossa paixão e subestimamos suas falhas.
Esse exagero vai se diluindo conforme o conhecemos melhor e exatamente por essa blindagem ideológica que criamos quando descobrimos - o real - nos decepcionamos. Caracteristicamente o amor é o campo da vida onde a idealização se faz mais presente e onde ela é mais profunda, justamente esse sentimento - o amor - é o mais triste quando se desfaz porque é tido como "perfeito demais" para se desmanchar. Mas quem não tem uma história de amor? Uma história de amor que já acabou?
A visão positiva se dá quando, superado esse processo da "cristalização", a satisfação romântica matura para uma união profunda.
Esse processo só pode ser concluído quando se gosta dos "galhos" por serem galhos, independentemente se recobertos ou não. Sucedido pela honestidade com o outro, as coisas podem finalmente andar, pondo-se as cartas na mesa deixando-se claro o que se espera e até onde pode ir para isso. Assim, com expectativas realistas sem "advinhar" o que o outro pensa ou desejar o inverso.

*Henri-Marie Beyle (1783 - 1842)

P.S.: Repostei este texto, porque re-li Sthedal, e busquei compreender o porque de as vezes, nos decepcionarmos tão facilmente com as pessoas.

7 comentários:

  1. Acredito que os amores acabam porque nos apaixonamos pelas qualidades, com a convivência os defeitos vão aparecendo , aí fica difícil conviver com a dualidade qualidades/defeitos.
    Bjux

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  2. O que acrescentar a esta precisa conclusão?

    "Esse processo só pode ser concluído quando se gosta dos "galhos" por serem galhos, independentemente se recobertos ou não. Sucedido pela honestidade com o outro, as coisas podem finalmente andar, pondo-se as cartas na mesa deixando-se claro o que se espera e até onde pode ir para isso. Assim, com expectativas realistas sem "advinhar" o que o outro pensa ou desejar o inverso."

    Eu e o Wanderley podemos atestar isto com a nossa vida a dois ... o verdadeiro amor só frutifica em uma relação sólida se aprendermos a ver os galhos tal como eles são, e a gostar deles justamente por eles serem o que são...

    bjux SAM

    ;-)

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  3. Wellllllllllllllllll... eu nunca me decepciono com ninguém! Simples! Porque nunca espero nada de ninguém. Espero de mim. Dos outros o que vier é lucro!!! Adoro esses posts "maduros"... HAHAHA!!!!! Hugzzzzzzz!

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  4. Aprendi com uma professora (tá, essas coisas não se aprendem na escola, mas faz sentido até hoje) é que quando amamos alguém, amamos na realidade os defeitos da pessoa, e não suas qualidades. Se os defeitos dela são impossíveis de lidar, não há qualidade que possa te manter junto dela

    Meu maior trauma com paixões é que sempre idealizo as relações, e isso já um sinal de fracasso na história, hehe

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  5. Ultimamente minha vida amorosa vai da cristalização à dissolução em segundos, é, temperamento bipolar ñ permite perpetuação, apenas paixão seguida de razão.

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  6. Eu sempre digo e repito: idealizar as coisas nunca dá certo. São sempre as nossas espectativas que fazem com que nossos sonhos despenquem... as quedas são muito mais suaves para os que não sobem...

    Um beijo SAM!

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  7. Mas não é um processo sobre o qual se tenha controle...pelo menos, para alguém como eu, que adora o estado de "apaixonada". Porque as vezes parece que se ama mais o amor do que o objeto deste amor.

    Acho que são os padres que "gostam" mais de crianças...mas eu prefiro os adestradores de cães..
    beijos

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