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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Temporada de Seca

Ardiam as luzes da cidade e ardiam os teus olhos.
A luz do celular se refletia neles de uma forma mais formidável que pude notar.
Nem pareciam que estes olhos de um brilho tão delicado saiam deste corpo tão forte.
Esse brilho é como o das areias da minha alma, feita de uma duna tão inóspita que esta luz seria profundamente sugada, como a água derramada na areia fina e quente do deserto que desaparece em segundos.
Neste infinito de beges e marrons eu me encontro, preso neste imenso e infinito horizonte,
mas ali, entre a areia revolta pela tempestade, exsite um oásis, um pequeno lugar onde árvores frondosas resistem a aridez e pobreza desse imenso vazio. Arvores cheias de amor, com frutos carinhosos e carnudos que outrora povoaram todo esse deserto estão ali, exiladas.
Mas o deserto também possui a sua beleza, quando o sol do meio dia reflete-se nos seus infinitos grãos, compondo um tapete de luz quente e sufocante.
Mas esse calor que sufoca e cansa é o mesmo calor necessário para evaporar e trazer a chuva, como um beijo quente e demorado, ela seja forte e intensa, como um abraço suado num corpo cheio de vontade que transforma o desejo num temporal, trazendo de volta as borboletas no estômago, as mãos suadas, o olhar de desejo e aquele sorriso que fica tão firme no rosto por tanto tempo quanto o céu limpido da primavera.